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Revista lórus
Carta do Mestre Nitiren à Sacerdotisa Ueno
ntes de se tornar sacerdotisa, Ueno, uma fiel praticante do Odaimolcu, era casada
com Hachiro Nanjo e tinha dois filhos. Em 1265 perdeu seu marido e o filho
Amais velho ocupou seu lugar na chefia da casa. O filho mais novo chamado
Goro, que Ueno criava com amor e carinho, faleceu subitamente aos 16 anos. Por esse
motivo, resolveu tornar-se uma sacerdotisa e dedicar sua vida religiosa a seu marido e
filho falecidos.
O Mestre Nitiren sentiu a mesma dor e tristeza que a mãe sentira com a perda de
Goro e enviou-lhe a seguinte carta, contendo um ensinamento profundo e comovente:
"O falecimento de Goro em sua plena adolescência nos faz sentir a extrema
tristeza. Porém, como as pétalas da flor que se vão mas retomam na primavera, como os
vegetais que morrem no inverno mas voltam na primavera, mesmo não tendo
sentimento, é impossível não afirmar o seu reencontro com Goro. Goro aos seus 16 anos
tinha coração, sentimento e aparência incomparável. Como homem tinha a sabedoria e
todos admitem. Como filho, sempre compreendeu os sentimentos dos pais como a á g u a
se comporta num recipiente. Justamente por isso era muito querido. O desejo de tê-lo
novamente nos faria fazer qualquer coisa, porém, mesmo procurando no céu e na terra,
seria impossível encontrá-lo. Mas há um modo exposto no Sutra Lótus que é praticar afé
do Odaimoku e encontrá-lo na Terra Pura de Buda. V á ao encontro dele. Mesmo que o
dedo que aponta a terra não o acerte, que o sol e a lua ·caiam na terra, que a maré deixe
de subir e baixar, que as flores não desabrochem na primavera, nada impedirá uma
mulher que pronuncia o Namumyouhouren g u ekyou de reencontrar seu filho ... Seu filho
se encontra junto ao Namumyouhourenguekyou."
Fervorosa fiel do Odaimolcu e do Mestre Nitiren, a sacerdotisa Ueno também
sofreu com a morte prematura de seu filho. A morte não é determinada pela idade, local
ou modo como acontece. É um fato passível de acontecer mesmo com um praticante do
Odaimolcu, pois é uma dor como tantas outras que relutamos a superar neste mundo de
sofrimentos.
O próprio Nitiren sempre esteve preparado para a morte e disse que mesmo
escapando da decapitação em Tatsu no lcuti (local chamado de "Boca do dragão") o
homem Nitiren morreu, no momento em que obteve a convicção de que era o enviado e
servo do Buda Primordial, para propagar o Namumyouhouren g u ekyou. Nesta condição,
estava preparado para separar-se da matéria a qualquer momento e de qualquer maneira e
que, independente disso, sua missão continuaria para toda a eternidade. É esse o
sentimento que devemos ter como discípulos, como consta na obra "Prática Conforme os
Ensinamentos" (Nyossetsu Shugyou Shou), escrita pelo Mestre Nitiren, que
freqüentemente pronunciamos nas orações.
O único momento que existe é o agora, o agora é eterno. E se nesse momento de
agora, até mesmo o da morte, estivermos convictos da fé no Namumyouhouren g u ekyou,
seremos eternos e iluminados por Ele. Dessa forma, assim como o Buda e o Mestre
Nitiren, continuaremos nossa missão de propagação d a fé n o
Namumyouhouren g u ekyou.