Page 26 - Revista Lotus-Mes-08-2002-N35
P. 26
I ..;... ........
S6 anos mais tarde, quando me entregaram um
relaton'o post-mortern de um paciente de transplante cardi-
aco, é que peguei o signieado do que ele me tinha ensina-
do. A operagao fora um sucesso.Tudo correra as mil mara-
vilhas, e 0 paciente iniciara uma fantastica recuperagao. De
repente tudo cornegou a correr mal, e 0 doente morreu. A
autopsia mostrou que uma infecgao originada num pequeno
ferimento numa perna fora o que causara o colapso total
dos pulnnoes.
C) rosto do velho rnadeireiro me veio a lembran-
ea. Sua voz ecoou na minha cabega: I-Z"preciso ter muito
cuidado com 0 vento. Para entender as eoisas simples, as
verdades elementares, faz falta uma boa dose de sabedoria.
A morte do paciente foi uma triste constatagao de que um
fator insignicante pode por a perder todas as previsoes.
Aquele ferimento havia liquidado o homem.
O velhote e o seu machado devem
provavelmente ter cafdo no esquecimento, mas,
a mim, eles me deixaram um exemplo pessoal,
que resen/o para momentos de sucesso. Quan-
do todo mundo se sente satisfeito consigo pro-
prio, olho-me xarnente no espelho e digo a mim
mesmo: Desta vez tivemos sorte. Nao havia ven-
Christian Barnard. The Cape-Times. 14
de Junho <16 1982. Cidade do Cabo. Africa do
Sul.
* O Dr. Christian Barnard foi quem rea-
lizou o primeiro transplante cardiaco em 1967, num
hospital de Capetown, Africa do Sul,onde viveu e
exerceu medicina.
(Historia fornecida a redagao pelo Sr.
Tokuo Uematsu, Templo Nikkyoji)