Page 25 - Revista Lotus-Mes-09-2002-N36
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Em 1993, morava em Tremembé uma cidadezinha do Vale do Parafba/
SP. No caminho entre minha casa e o trabalho passava por uma estrada onde
sempre observava uma mulher que varria a entrada de um Templo Budista,
sabia que o era porque a placa de fora informava, o que me fez, em uma dessas
vezes que lá passava, parar para conseguir algumas informações.
Pedi então algumas informações àquela mulher que varria o quintal.
Ela apresentou-se como sendo Maria e começamos a conversar. Até então eu
não tinha a rnfnima idéia do que era a religião budista.
Comecei a pedir tantas explicações que, muito tfmida, Maria sugeriu
me conversar com Mauro, pois o senhor que morava no templo (pai de Mauro),
o Bispo Jimbo, só falava japonês. Peguei imediatamente o número do telefone
e liguei logo que cheguei ao trabalho. Mauro se mostrou muito simpático, feliz
pela minha iniciativa, e marcamos de nos encontrar na casa de seu pai. Chegando
lá fomos logo conversar na companhia daquele senhor. Mauro percebeu
que meus questionamentos eram muitos e deu-me total liberdade de perguntar
o que quisesse saber.
A cada explicação que davam, sentia-me no caminho certo.
Cumpre ressaltar que sou crftica demais e sempre vivi intensamente
tudo o que a vida me impunha, assumindo todos os riscos por minhas
atitudes.
Naquela época, já advogada e com dois filhos, tinha algumas
convicções sobre a vida que me colocavam contrariamente a todas
as outras religiões que tentava compreender. Por isso, sentia um
enorme prazer em ouvir coisas que acreditava e que nunca havia
ouvido em outras circunstâncias. Isso aumentava o meu entusiasmo
em fazer mais perguntas.
Todas elas eram feitas em japonês àquele senhor, através de
Mauro que traduzia as repostas e me passava. Era o interlocutor fiel
que se dedicava muito em fazer minha vontade, e não deve ter sido
fácil, pois sou extremamente "tagarela". Logo a conversa se deu
entre eu e Mauro, sem que fizesse a interlocução ao seu pai. Passamos
assim quase uma hora. E as respostas nunca eram suficientes.
Em um determinado momento aquele Senhor que não entendia
nada do que estávamos conversando interrompeu-nos, pegou minha
mão, olhou bem nos meus olhos e fez uma orientação em japonês.
Mauro traduziu e disse: "Pratique o Odaimoku".
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