Page 14 - Revista Lotus-Mes-07-2003-N46
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       despertado o Buda Primordial dentro de si, não terá como compreender.
     Simplesmente ficará sem saber e não entenderá nada. Por outro lado se estiver
     desperto o Buda Primordial dentro de si, não precisará que alguém apareça
     para lhe dizer o que você mesmo terá  capacidade  para compreender e
     principalmente agir.
          Quando atingir (receber pela fé) a iluminação, despertará automati­
     camente para tudo isso que está na nossa cara e não somos capazes de
    compreender. Tal como, quando se vê a fumaça presente o fogo, quando se
     recebe a iluminação desperta para as causas e respostas que o universo tem.

          O Buda Primordial, não é uma personalidade, apesar de
     costumeiramente ser personificado por muitas pessoas. É uma energia e es­
     sência, que existe mesmo em se tratando do mais extremo vácuo ou aparente
     vazio que o universo poderia ter sido antes de tudo que existe se apresentar
     na forma em que se apresenta. Por isso o Buda Primordial não nasceu, não
     tem começo, portanto, também não tem fim. Nossa existência cósmica tam­
     bém, o budismo primordial parte deste pressuposto básico.
          Nunca poderemos compreender algo tão complexo e universal atra­
     vés da somatória de tão poucos fragmentos (conhecimento que temos). Um
     mínimo detalhe nos desviaria da compreensão completa e correta (universal).
          Tudo que se cria, acaba se descriando, tudo que sobe, desce, tudo
     que nasce morre. Por isso, nem mesmo veneramos o Buda que nasceu e
     partiu (Buda Transitório). Primordialmente interpretando, de fato, não morre­
     mos, simplesmente regressamos ao nosso estado primordial quando conduzi­
     dos pela causa essência e semente da iluminação. Caso contrário seguiremos
     apenas o destino que criamos a partir das causas que geramos.
         Veneramos a verdadeira e única identidade divina de Buda como
     sendo o Buda Primordial, que se manifestou para nos mostrar o caminho e a
    possibilidade de nos iluminarmos e reintegrarmos ao interior do Buda Pri­
     mordial, à natureza única de todo o universo.
          A própria ciência cada vez mais se aproxima desta forma de com­
     preensão, o fato é que para se existir não é preciso nascer, nem se criar.
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