Page 32 - Revista Lotus-Mes-08-2006-N83
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Lotus Revista Budista
- As duas vasilhas
Um carregador de água na Índia tinha duas grandes vasilhas que
ficavam penduradas nas extremidades de um pau que ele levava em cima
dos ombros. Uma das vasilhas tinha uma rachadura, enquanto que a outra
era perfeita e entregava toda a água no final do longo caminho a pé desde o
riacho até a casa de seu patrão.
Quando chegava, a vasilha rachada continha somente a metade da
água. Por dois anos completos, isso ocorria diariamente.
A vasilha perfeita estava muito orgulhosa de seus feitos, ideal aos fins
para os quais fora criada. Porém, a pobre vasilha rachada estava muito
envergonhada de sua própria imperfeição e se sentia miserável em
conseguir somente a metade do que se supunha que ela devesse fazer.
Após dois anos, conversou com o aguador, dizendo:
- Estou envergonhada de mim mesma e quero me desculpar.
- Por que?- o aguador perguntou.
- Porque devido às minhas rachaduras, você obtém somente metade
do salário que poderia conseguir.
O aguador sentiu muita pena da vasilha e, com grande compaixão,
disse:
- No caminho de volta para a casa do patrão, quero que você note as
belíssimas flores que crescem ao longo do caminho.
Ela assim fez e na verdade viu muitíssimas flores formosas ao longo de
todo o percurso, porém, da mesma maneira se sentiu muito triste porque no
final levava apenas metade de sua carga. O aguador lhe disse:
- Você reparou que as flores crescem somente no seu lado do
caminho? Eu sempre soube das suas rachaduras e quis tirar vantagem disso.
Plantei sementes de flores ao longo de todo o caminho no lado em que você
passa e, todos os dias, sua água perdida regou essas flores. Por dois anos,
eu pude colher essas flores para decorar a casa do meu patrão. Se você
não fosse exatamente como é, ele não teria essa beleza em sua casa.
Reflexão: Cada um de nós têm suas próprias rachaduras, mesmo
assim podemos ser extremamente úteis. Para isso é necessário sermos
humildes e dedicados. Certamente encontraremos o caminho, alguém com
quem possamos superar nossas próprias limitações.
(Contos nos encaminhados cordialmente por Akemi Ouchi)