Page 4 - Revista Lotus-Mes-06-2000-N09
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Gok\jooka
Verso t,o Gr.M1t>e Mestre Nissett Shoottitt
Taru koto o shiritaru hodo no tanoshimi wa
Hito no naka nimo sukuna kari keri
O desejo é algo inerente ao homem. E por ser fecundante a
insatisfação também é continua, ou seja, como uma ambição gera
outra, diflcilmente sentimo-nos satisfeitos por completo; sempre
existirá um certo descontentamento.
O verso acima ensina-nos que o mais importante é saber
limitar os dese·os pois, só assim, tornará possível descobrir e sentir
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a verdadeira a egria.
Apesar da grande maioria não perceber, no mundo em que
vivemos tudo é delimitado. E, até para o trajeto das nossas vidas
existe um determinado extremo. Há pessoas, entretanto, que
ignoram essas demarcações e correm atrás de tudo de forma
exagerada, sem controle. Essas, jamais poderão experimentar o
real prazer de se viver, já que sempre estarão alimentando a
insatisfação.
Por isso, embora em alguns casos a insatisfação sendo
necessária, como está expresso no verso "taru koto o shiritaru", a
consciência, o reconhecimento da existência dos limites é de
relevante valor.
Há aproximadamente dois mil anos atrás, na India, havia
um monge budista chamado Shikaba. Ele peregrinava de casa em
casa fazendo pregações de sutras e em troca recebia alimentos
para a sua própria sobrevivência. Essa prática era realizada
diariamente. No entanto, na casa de um certo milionário, mesmo
passando todos os dias, cumprindo com a sua obrigação, nunca
havia recebido nada. Certo dia, quando ele encontrava-se defronte
a mansão pregando os sutras, a dona da casa, que naquele momento
estava varrendo o quintal, pediu-lhe licença. Ao ouvir essa única
p alavra, Shikaba, de imediato, disse:
- Muito obrigado, enfim, hoje recebi uma retribuição".
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