Page 11 - Revista Lotus-Mes-06-2000-N09
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Visão Budista 1
                   (Continuação  da matéria iniciada na revista anterior pág.  16 )
        Na edição anterior, dentro da concepção de mundo e universo, analisamos através do
     ponto de vista budista a questão do renascimento e fomos até a parte de onde é a meta budista
     realizar o Guedatsu ou atingir a iluminação se desprendendo do ciclo ao qual estamos
     aprisionados por ainda não tê-la atingido. Chegamos ao ponto, agora, de abordar a questão da
     morte.
          Os conceitos e contos a respeito da morte  mais fazem parte de uma determinada
     época , culn,ra e de um determinado p:ús que necessariamente de uma doutrina consideracja
     primordial. Por isso passaram por várias interpretações e aculturações. Passaremos o conceito
     generalizado budista que se formou e se segue tradicionalmente até os dias de hoje.
          Sobre a "Viagem" após a morte
          Na antiga Índia acreditava-se que o corpo humano era composto por  64 Marman
     (entranhas mortíferas) e que quando qualquer uma dessas entranhas fosse afetada pelo
     desequilibrio dos elementos água, fogo (calor), vento (ar) sentiria - se uma dor terrível seb'llida
     da morte. A partir deste momento começa a "Viagem", ou período, neste mundo intermediário
     (Tyuuin no Sekai) em que se determinará o próximo local e estado de renascimento ou
     transcendência. Como foi dito na edição passada, o renascimento dependerá da Lei da Causa
     e Efeito.
          Ou seja, tudo que fez em vida será avaliado por sete juízes, de sete em sete dias, por
     isso é muito celebrado o culto póstumo de 49' Dia (7x7=49) enviando virtudes da oração
     para que o falecido(a) tenha êxito em seu julgamento.
          A viagem após a morte neste mundo intermediário começa aos pés de uma enorme
     montanha. Esta montanha, por representar o local de início da jornada que finalizará seu
     estado de morte, é chamada de "Montanha da Saída da Morte" (Shide no Yama). Diz-se que
     sua extensão mede 320 km e sua altura é desconhecida mas que é altamente perigosa e de
     caminhos tortuosos. Durante a caminhada por essa montanha a única luz que existe são as das
     estrelas. Após andar sozinho por sete dias nessa montanha chega o momento do primeiro
     julgamento. Diga-se de passagem que o "corpo" morto neste estágio é microscópico, invisível
     aos nossos olhos e que se alimenta a base de "Cheiro", ou seja, o olfato é o órgão pelo qual se
     alimenta. Daí a tradição e origem de se acender e oferecer incensos para os mortos.
          O primeiro tribunal (T dia) é julgado pelo Juiz (Rei): Shinkou-ou que faz uma avaliação
     rápida de todos os dados, digamos, "verifica só os registros" . Após este tribunal segue-se para
     o segundo julgamento. Só que antes disso passa-se pelo famoso Sanzu no kawa (Rio dos Três
     Caminhos). É um gigantesco rio que todos os mortos têm que atravessar até chegar do outro
     lado. É chamado de três caminhos porque existem três meios de travessia. Pelo raso e correnteza
     tranqüila, pelo fundo e correnteza forte e pela ponte. Os que acumularam virtudes, enquanto
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