Page 26 - Revista Lotus-Mes-06-2006-N81
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•  sempre na direção sul através dos  Estados de  Malla e Vajji na
         direção  do  Estado  de  Magadha.
              A distância entre  Kapilavastu e  Rajagaha,  a capital de
      Magadha, era de cerca de  960  km.  Várias sugestões foram feitas
      sobre  o  motivo  por  que  ele  escolheu  Magadha  e  não  outro  do
      Estado  da  época.  No  período,  os  mais  poderosos  eram  Magadha
      e  Koshala.  Este  último  situava-se  próximo  ao  Estado  nativo  de
      Shakamuni e dominava-o politicamente.  Se  tivess.�  seguido para
      Koshala e lá houvesse sido descoberto  que ele,  o  príncipe de um
      Estado dependente,  ingressara na vida religiosa,  teria havido sem
      dúvida muitos comentários e é mesmo possível que fosse obrigado
      a  voltar  a  Kapilavastu.  Foi  possivelmente  com  esse  pensamento
      que ele resolveu viajar a Magadha, onde era muito menor o perigo
      de repatriação forçada. Além disso, é provável que tenha resolvido
      seguir para Magadha porque nela via o centro de uma nova cultura
      que  estava  surgindo.
           Nessa  ocasião,  a  sociedade  indiana  passava  por  um
      processo  de  mudança  radical.  Os  membros  da  classe  brâmane,
      antes considerados quase como seres divinos, começaram a perder
      autoridade  e  mudavam  igualmente  os  padrões da  sociedade  que
      haviam  dirigido.
           Ao chegar  a  Rajagaha,  a capital do  Estado de  Magadha,  é
      provável que tenha vagueado pela cidade e arredores observando
      os estilos de vida praticados pelos vários ascetas e líderes religiosos
      ali  reunidos.  Sabemos  que,  no  curso  dessas  perambulações,  foi
      notado  pelo  olho  agudo  do  governante  de  Magadha,  o  Rei
      Bimbisara.  Segundo  a  tradição,  o  rei,  ao  observar  Shakamuni
      notou  que  não  era  uma  pessoa  comum,  depois  veio  a  descobrir
      que Shakamuni estava vivendo no sopé do Monte Pandava situado
      a oeste da cidade.  O rei,  acompanhado de uma comitiva,  dirigiu­
      se ao local e ofereceu a Shakamuni riquezas e o comando de seus
      exércitos,  pois  via  em  Shakamuni  um  homem  de  postura  e
      capacidades  incomuns  que  poderia  contribuir  para  o
      desenvolvimento  futuro  de  seu  Estado.
           Entretanto,  Shakamuni  recusou  o  oferecimento  dizendo
      estar apenas em busca da verdade, e que nada mais desejava. O
      rei  não  insistiu,  apenas  solicitando-lhe  que  quando  alcançasse  a
      iluminação,  ele,  o  rei,  se  tornasse  a  primeira  pessoa  a  quem
      revelasse a recém-descoberta verdade.  Na verdade, sabemos que
      depois de ter alcançado a iluminação, Shakamuni voltou de fato a
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