Page 236 - Revista Lotus-N01-N31
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                         °
                       (20 )0 entregar-se ao dharrna
                               no presente e futuro,
                                 fundamenta a concepção
                                     de que não há vida e morte
                                              Cap. 16 S.Lót.
     (21 )
       º
                            º
     Consta no Sutra, Não há vida e morte (22 )
          Nissen Shounin faz a seguinte citação:
          "A vida no amanhecer é o surgir neste mundo. A morte no anoitecer é o regresso
     à terra pura. A indualidade da vida e  morte, unicidade do ser o e sagrado, sustentam a
     liberdade existencial neste mundo como terra pura".
     Ou seja, quando, a partir da presente existência, pela prática da fé se entrega ao dharrna
     sagrado do Sutra Lótus (Myouhourenguekyou), despeita-se como um ser altruísta que
     almeja a iluminação mútua (23 ) nesse mundo, em que,  pela prática da causa mística
                       º
     primordial, (24 )  ao final do dia o descanso representa o regressar à terra pura. A prática
              °
     da causa mística primordial abrange os três tempos: passado, presente e futuro.
          No Sutra Lótus Cap. XVI  A imensurável vida de Buda, consta:
       º
                                            º
     (25 )   Buda conhece todas as manifestações dos três mundos (26 ) Vida e morte nem
     regressam nem saem.
          Podemos verificar  claramente nessas  palavras  que o sujeito  desta oração é o
     Buda Primordial, pelo manifesto da sua visão universal dos fenômenos. É o trecho também
     em que se apresenta um dos três corpos de  Buda,  Corpo da causa e efeito (27 )  que
                                                    °
     também é o qual reverenciamos. Outros corpos e manifestações de Buda, Corpo Dharrnico
     (28 ) e Corpo Transitório (29 ) , como são abstrações do Buda Primordial não são tidos
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       º
     como alvo de direcionamento da fé.
          Portanto, esta visão de que não há vida e morte é dada unicamente do ponto de
     vista  do  Buda  Primordial  e  que  pode  ser  incorporado  pelo  dharma  sagrado
     Myouhourenguekyou,  possibilitando  a nós, neste mundo,  um modo de vida digno
     daqueles que habitam na terra pura.
          Num conto histórico japonês temos o seguinte episódio:
     Certa vez um monge chamado Mugaku  Soguen (Falec. 1268)  demonstrou  fascinante
     indiferença ao ataque de um samurai. O samurai enraivecido por isso perguntou-lhe: "-Ei,
     monge, será que você não percebe que tem uma espada apontada em seu pescoço?" O
     monge tranqüilamente respondeu:
     ·•- Será que você não percebe que aqui há uma pessoa que não se amedronta com o reluzir
     da sua espada em seu próprio pescoço?"
          O que fez o monge responder daquela formá, mesmo sabendo que poderia ser
     cortado e morrer? Somente a consciência de que mesmo sendo morto, esta morte seria
     apenas física e que naturalmente pela unidade universal não deixaria de existir.
     Simplesmente o nome "morte", ao que fomos aculturados, impregna medo e conceito de
     "fim"  para aqueles que não acreditam no renascimento.  Portanto o caminho do meio
     pregado  por  Buda  é o único que  verdadeiramente  justifica o  fim de viver e  morrer
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