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"pessoa"  não  estaria  nem  dentro  ou  fora  dos
      agregados,  não  seria  igual  nem  diferente  deles.
      Os  aderentes  de  outras  escolas  acusaram  a  doutrina
      dos  pudgalavadins  de  herética,  como  sendo  uma  nova
      versão  da  existência  pessoal,  ou  atman;  presente  no
      hinduísmo.

           Sarvastivada
           Assim  como  a  escola  anterior,  a  Sarvastivada
      surgiu  no  século  III  a.e.  por  diferenças  doutrinárias  na
      escola  Sthaviravada.  Os  adeptos  da  Sarvastivada
      questionaram  a  natureza  dos  seres  santos  (sânsc.  e
      páli  arhat),  assim  como  os  adeptos  da  Mahasasghika.
           A  palavra  Sarvastivada  é  supostamente  derivada
      do  sânscrito  sarvam-asti,  tudo  existe  ou  tudo  é.
      Segundo  esta  escola,  não  haveria  uma  essência
      permanente,  mas  apenas  setenta  e  cinco  fenômenos
      momentâneos,  também  existentes  no  passado  e  no
      futuro;  os  três  tempos  (passado,  presente  e  futuro)
      são  três  "modos"  simultâneos  de
      existência.  Devido  à  impermanência,  os  fenômenos
      passam  de um "modo"  para  outro.
           Devido  ao  Carma,  os  fenômenos  do "modo
      passado"  levam  conseqüências. para  o  "modo  presente",
      e  este  terá  conseqüências  no  "modo  futuro'.  Esta
      escola  também  desenvolveu  o  sistema  das  seis
      perfeições  (sânsc.  paramita:  ofertar,  preservar,  resistir,
      esforçar,  meditar,  saber),  dos  três  corpos  (sânsc.
      trikaya)  búdicos  e  a  roda  da  vida  (sânsc.  bhava­
      chakra),  ilustrando  os  seis  modos  de  existência  -,e  os
      doze  elos  da  interdependência.
           O  cânone  desenvolvido  pela  Sarvastivada  acabou
      transformando-se  no  cânone  do  budismo  Mahayama
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