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as causas e respostas que o universo tem. O Buda Primordial, não é uma
      personalidade, apesar de costumeiramente ser personificado por muitas
      pessoas.  É uma energia e esssência, que existe mesmo se tratando do mais
      extremo vácuo ou aparente vazio do universo.  Por isso o Buda Primordial
      não nasceu, não tem começo, portanto, também não tem fim.  Nossa  ex­
      istência cósmica   também, o   budismo primordial parte deste
      pressuposto básico. Nunca poderemos compreender algo tão complexo e
      universal através da somatória de tão poucos fragmentos (conhecimento
      que temos).  Um mínimo detalhe nos desviaria da compreensão completa e
      correta (universal). Tudo que se cria, acaba se descriando, tudo que sobe,
      desce, tudo que nasce, morre.  Por isso, nem mesmo veneramos o Buda
      que nasceu e partiu (Buda Transitório). Primordialmente interpretando, de
      fato, não morremos, simplesmente regressamos ao nosso estado primordial
      quando conduzidos pela causa, essência e semente da iluminação. Caso
      contrário seguiremos apenas o destino que criamos a partir das causas que
      geramos. Veneramos a verdadeira e única identidade divina de Buda como
      sendo o Buda Primordial, que se manifestou para nos mostrar o caminho
      e a possibilidade de nos iluminarmos e reintegrarmos ao interior do Buda
      Primordial, a natureza única de todo o universo. A própria ciência cada vez
      mais se aproxima desta forma de compreensão, o fato é que para se existir
      não é preciso nascer, nem se criar. Tudo que existe sempre existiu, apenas
      tomou a forma que atualmente têm e que nós achamos ser a forma real das
      coisas. Todas essa formas são apenas formas transitórias da realidade for­
      matada e fragmentada pela nossa visão imperfeita (parcial) e incorreta (uni­
      lateral). Não podemos avaliar, nem definir nada a partir de algo transitório e
      impermanente. Que num dia é uma coisa e no dia seguinte é outra, ou que
      dura só por alguns anos, tal como exemplo a vida do nosso corpo físico.  No
      budismo, ao olharmos para o homem, estaremos observando através da
      sua alma que é eterna por ser una ao Buda Primordial. Portanto, por ser­
      mos, a partir da alma, uma partícula do Buda Primordial, nunca fomos
      criados, sempre existimos e existiremos de forma una e única. O objetivo
      da prática budista é concretizar esta unicidade e retomar mutuamente esta
      natureza original a partir da prática correta da fé e exercício da compaixão.
      O acontecimento dessa "re-união" caracterizará o nosso renascimento na
      Terra Pura de Buda, mundo principalmente existente dentro de cada um de
      nós.  Não meramente no modo figurado como muitos insistem em interpretar .
      . Também destaco que esta pode ser uma conversa sem fim e objetivo. O
      próprio Buda, evitou este tipo de pergunta ensinando que somente quando
      estivermos prontos de forma mental, experimental e espiritual é que podere­
      mos compreender isso. Ou seja, é exclusividade de um iluminado e só com­
      preenderemos isso quando fizermos parte deste estado e mundo iluminado.
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